Fogo em reserva ambiental assusta moradores de condomínio em Patamares

Fogo em reserva ambiental assusta moradores de condomínio em Patamares

 

Chamas estão próximas a apartamentos; veja vídeo

Um incêndio na área verde do Condomínio Greenvile, no bairro de Patamares, em Salvador, está assustando moradores desde meados da tarde desta sexta-feira (9).

Segundo a Central Integrada de Comunicação, os bombeiros foram acionados por volta das 15h30 e três viaturas se dirigiram ao local. Alguns moradores desceram de seus apartamentos por medo das chamas. A suspeita é de que o incêndio tenha sido criminoso.

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  Chamas começaram no início da tarde (Foto: Leitor CORREIO) 


“Tá um fogo imenso aqui na mata. Tá crescendo e chegando próximo dos apartamentos. Fiquei com medo e saí de casa”, disse uma moradora, que não quis se identificar, em contato com o CORREIO. Ela informou que viu apenas uma viatura dos bombeiros no local, que não conseguiu controlar as chamas. Ainda conforme a moradora, a brigada de incêndio do condomínio ficou de sobreaviso, mas não houve ordem de evacuação dos prédios.

Conforme as chamas avançavam, as equipes iam sendo reforçadas. No início da noite, já haviam mais de 50 homens do Corpo de Bombeiros. Por volta das 19h30, um hélicoptero também foi enviado para ajudar no trabalho dos militares fazendo a iluminação. Até às 22h30, bombeiros continuavam no local combatendo focos de incêndio. Porém, a maior parte do fogo já havia sido controlado.

Susto
No condomínio, os moradores se dirigiam às áreas próximas ao combate, seja para ajudar no que podiam, seja por curiosidade. "Por volta das 16h30 comecei a ver uma fumaça subindo, como se alguém estivesse fazendo uma fogueira. No grupo de whatsapp do condomínio disseram que tinha fogo na área do bambuzal", contou o morador do condomínio Atco, o despachante aduaneiro Antônio Carlos Moreira, 57.

A assessoria de comunicação dos bombeiros informou que não havia risco do incêndio atingir os prédios. "Foram mais de dez focos de incêndio ao mesmo tempo. E nós não temos como chegar com caminhão e mangueira lá por ser uma área de mata fechada, então estamos usando abafadores e bombas costais, usando uma quantidade reduzida de água", explicou o coronel Adolfo Dórea, subcomandante do Corpo de Bombeiros.
A brigada de incêndio dos próprios prédios ajudava como podia. "Alguns moradores são treinados, quando viam algum foco novo eles iam lá e faziam o combate. Estamos usando a estrutura do condomínio também, a água usada no combate vem das nossas mangueiras", revelou o síndico do condomínio Platnum, Rafael Dourado, acresecentando que a união dos moradores foi fundamental no combate às chamas.

Alguns moradores, inclusive, contaram ter visto um homem de roupa verde dentro da mata, aparentemente, colocando fogo na vegetação. Momentos depois, as chamas se alastraram. O incêndio se concentrou entre os edifícios Platno e Lumno. O Greenville tem cinco condomínios, com quatro torres de 28 andares cada.

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Bombeiros precisaram adentrar a vegetação para combater as chamas (Foto: Betto Jr./CORREIO) 


Reserva ambiental
A área queimada faz parte de uma Área de Proteção Ambiental (APA) conjunta dos condomínios Greenville, Loteamento Patamares, Parque Imbiribeira e Alphaville. O local, chamado de Vale Encantado, abriga vestígios de Mata Atlântica, nascentes e espécies ameaçadas de extinção, como macaco prego e preguiça de coleira.

O fato de a área ser uma reserva ambiental, por incrível que pareça, é o que teria motivado o suposto incêndio criminoso, suspeitam os condôminos. "Já tem alguns dias que temos encontrados focos de incêndio aqui. Temos acionado os bombeiros constantemente", disse uma moradora que pediu para ter a identidade preservada.

Segundo ela, por ali ser uma área de conservação em estágio avançado, não se pode mais construir no local, o que teria despertado a fúria de empreendedores. Outro morador suspeita que denúncias feitas pelos condôminos de incêndios no Parque de Pituaçu podem ter motivado o crime. Um terceiro cogita que integrantes do movimento sem-terra queriam ocupar a área e teria colocado fogo em protesto.

A veterinária e ambientalista Caroline Lorenzo demostrou grande apreensão com o incêndio. "Isso aqui é um corredor ecológico, se for quebrado, a fauna não tem como se reproduzir e a flora depende da fauna", revelou. Ela explicou ainda que os animais que vivem na mata estão em fase final de reprodução e há muitos filhotes na área, que podem estar em perigo.

Outro motivo de sua apreensão é que o Vale Encantado está perto de ser reconhecido pela Secretaria da Cidade Sustentável como uma Unidade de Conservação. Esta é uma luta de mais de uma década dos integrantes do Movimento SOS Vale Encantado, do qual faz parte, e do grupo Amigos do Vale Encantado.

Uma comissão de moradores deve se reunir nos próximos dias para tomar as medidas cabíveis. "Depois que o incêndio for controlado, queremos marcar uma reunião com a polícia militar, com os bombeiros", explicou o síndico Rafael Dourado, que espera que o caso seja devidamente investigado pelas autoridades.

 

Matéria publicada originalmente em Correio24horas

 

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